domingo, 29 de março de 2015

Carta aos Meus Filhos #76

A mamã está cansada da vileza das pessoas. Quando julgamos que já foram o pior que poderiam ser, reinventam-se e surpreendem-nos pelo pior uma vez mais.
A mamã tem envelhecido, ficado mais amarga, mais cínica, menos crente. Mas há uma coisa que não muda: a forma como sinto o amor.
E nada se pode comparar à pureza de se querer somente bem a alguém.
A mamã sente o amor por entre as suas arestas, como brisa marítima numa casa de tabuínhas. Força alguma no mundo pode levá-lo de mim. Mesmo sabendo que esse amor poderá não me levar a lado algum, a perspectiva de não o sentir é demasiado assustadora: deixaria de ser eu. Uma vez quase me esvaziei dele... e o que aconteceu? A mamã perdeu-se de si.
Um amor sólido é aquele que nos traz de volta a nós próprios...
A mãe não sofre.
Mas ama. E, quando se ama assim, todo o universo está em harmonia para que nenhum passo em falso magoe aquele que amamos.

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