A mãe
hoje está triste.
As
pessoas entram e saem das vidas umas das outras.
Quando
as esquecemos, é triste. Quando nunca seremos capazes de as esquecer, ainda
pior. A mãe está triste porque ainda viveu pouco, não sabe se, quando se deseja
uma pessoa um dia, a desejamos para sempre ou se, numa manhã, a pessoa deixa de
ser objecto de desejo. O desejo, (mesmo o amor), por vezes adormece em nós. A
mãe ainda não sabe se um dia acordará de novo.
Por
isso, quando alguém que foi importante na nossa vida deixa de o ser e passamos
pela pessoa como se fosse um vizinho a quem apenas dirigimos “bons dias” e “boas
tardes”, é triste. Mas quando passamos pela pessoa e o nosso estômago se
embrulha, e o nosso coração acelera, e a nossa boca seca, é ainda mais triste.
É triste esquecer e é triste não esquecer. É triste lembrar das promessas
sussurradas a meio da noite, quando tudo é mais sincero e mais cru. Mas é ainda
mais triste tê-las soterrado em nós e passarmos-lhes ao largo.
A
mãe viveu pouco.
Precisa
de aprender.
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